Artigo com participação de pesquisadores apoiados pela Funcap tem repercussão mundial

25 de novembro de 2021 - 11:40

Pesquisa publicada por um grupo de pesquisadores do Brasil – dos quais, três são apoiados pela Funcap – na revista Polar Research teve repercussão mundial por seu ineditismo e pela importância da descoberta. Com o título “Wildfires in the Campanian of James Ross Island: a new macro-charcoal record for the Antarctic Peninsula (Incêndios no período do Cretáceo Inferior na Ilha James Ross: um novo registro de carvão vegetal macroscópico na Península Antártica), o trabalho detectou, pela primeira vez, fósseis de carvão vegetal que confirmam incêndios na Ilha James Ross, no Pólo Sul, uma região que hoje registra temperaturas quase sempre negativas é a quase toda coberta de gelo.

Os pesquisadores apoiados pela Funcap que participaram do estudo são Flaviana Lima, Flaviana, ex-bolsista do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR), Renan Machado e Antônio Álamo Feitosa. Estes dois últimos foram beneficiados com o programa Bolsas de Produtividade em Pesquisa e Estímulo à Interiorização (BPI) e o – Programa de Pós-Doutorado para Jovens Doutores.

De acordo com os cientistas, já haviam sido encontradas evidências fósseis de vegetais por toda a Antártica, o que indicava uma composição florestal e um clima mais quente que o atual na região durante o período Cretáceo, há aproximadamente 75 milhões de anos. A novidade publicada no artigo é que esta vegetação também era acometida por incêndios espontâneos.

Flaviana Lima afirma que “essa descoberta amplia o conhecimento sobre a ocorrência de incêndios vegetacionais durante o Cretáceo, mostrando que episódios assim eram mais comuns do que se imaginava”  e isso representa uma contribuição significativa para os estudos paleobotânicos em todo o mundo. Ela acrescenta que a extensa atividade de incêndios florestais durante o Cretáceo afetou diretamente a composição das comunidades de plantas, influenciando significativamente as mudanças paleoecológicas em diferentes ambientes do planeta.

Por toda essa relevância, o trabalho realizado pelos pesquisadores teve repercussão mundial, gerando matéria em publicações como o New York Times e o Washington Post, nos Estados, o Navbharat Times, (um dos jornais mais lidos diariamente em Delhi e Mumbai, na Índia) e o National Geographic da Rússia (veja os links no fim do texto).

Inúmeros registros de incêndios florestais intensos no mundo inteiro têm sido feitos, sobretudo em camadas formadas na parte superior do período Cretáceo (85 a 70 milhões de anos atrás). A maior parte desses registros, porém, são do Hemisfério Norte. Além disso, apesar de o Cretáceo ser considerado um período no qual paleoincêndios foram comuns em escala global, ainda há poucos registros de macrocharcoal – que são as principais evidências desse fenômeno natural – descritos no Hemisfério Sul.

“Os dados inéditos apresentados no trabalho reforçam que as florestas, que ocupavam o que hoje conhecemos como Península Antártica, também foram afetadas pelo fogo ao longo do Campaniano, ampliando a abrangência paleogeográfica desses eventos e ajudando a esclarecer o seu impacto sobre a paleobiodiversidade”, explica André Jasper, professor da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e pesquisador que também participou do estudo. A íntegra do artigo está disponível (em inglês) no endereço polarresearch.net/index.php/polar/article/view/5487.

 

Pesquisadores participantes do artigo

Flaviana Jorge de Lima – Laboratório de Paleobiologia e Microestruturas (Universidade Federal de Pernambuco)

Juliana Manso Sayão – Museu Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Luiza de Oliveira Ponciano – Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas ((Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Luiz Weinschütz Centro Paleontológico (Universidade de Contestado, Santa Catarina)

Rodrigo Figueiredo – Departamento de Biologia (Universidade Federal do Espírito Santo)

Taissa Marques Rodrigues Departamento de Ciências Biologicas (Universidade Federal do Espírito Santo)

Renan Alfredo Machado  – Universidade Regional do Cariri

Antonio Álamo Feitosa – Laboratório de Paleontologia (Universidade Regional do Cariri)

André Jasper – Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (Universidade de Vale do Taquari, Rio Grande do Sul)

Dieter Uhl – Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (Universidade de Vale do Taquari, Rio Grande do Sul)

Alexander Kellner – Museu Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

 

Repercussão internacional do artigo

New York Times

www.nytimes.com/2021/11/07/science/antarctica-wildfires.html

 

Washington Post

www.washingtonpost.com/science/antarctica-temperature-wildfire-fossil/2021/10/29/a6bd1f82-3770-11ec-8be3-e14aaacfa8ac_story.html

 

Navbharat Times

navbharattimes.indiatimes.com/world/science-news/massive-fire-in-antarctica-forest-million-years-ago-scientist-uses-charcoal-remnants-for-research/articleshow/87284733.cms

 

National Geographic Russia

nat-geo.ru/science/paleontology/lesnye-pozhary-byli-obychnym-yavleniem-v-antarktide-75-mln-let-nazad/