Pesquisadores lançam Declaração sobre Proteção de Ambientes Marinhos

15 de junho de 2021 - 09:31

Cientistas da InterAcademy Partnership (IAP, em português Parceria InterAcademias), entidade que reúne 143 instituições científicas de todo o planeta, lançaram na semana passada a Declaração sobre a Proteção de Ambientes Marinhos. Elaborado para publicação no período em que se celebra Dia Mundial dos Oceanos, o documento relata problemas enfrentados por esses ecossistemas.

De acordo com a Declaração, mais de 90% dos estoques marinhos estão em condição de sobrepesca (34,2%) ou no limite máximo sustentável para a atividade (59,6%). Outro dado importante é que os oceanos absorveram 30% de todas as emissões antropogênicas (geradas pela atividade humana) de gás carbônico no mundo.

Com o documento, as academias membros da IAP conclamam os líderes mundiais a melhorar a saúde dos oceanos através de medidas como o fim da destruição de habitats e da disseminação de contaminantes ambientais, a luta contra mudanças climáticas e contra a superexploração e a adoção de políticas baseadas em ciência.

De acordo com o pesquisador Luiz Drude de Lacerda, diretor científico da Funcap, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Grupo de Trabalho da Academia Brasileira de Ciência (ABC) sobre Oceanos, o reconhecimento desse momento ímpar na história do planeta e do papel da ciência no seu equacionamento levou à mobilização de diferentes organizações internacionais e culminou com o lançamento da Década da Ciência Oceânica pela ONU. “Os oceanos enfrentam um momento crítico, no limiar de uma alteração com impactos irreversíveis sobre seu funcionamento e afetando o bem estar de mais de 70% da humanidade”, afirma ele.

Luiz Drude integrou o Grupo de Trabalho responsável pelo texto da Declaração sobre a Proteção de Ambientes Marinhos. “Participar deste grupo da IAP coloca a ABC na linha de frente da ciência oceânica e, principalmente, permite levar a visão do que é feito no Brasil e da sua contribuição na área. O oceano é global, é impossível avançar nessa área da ciência sem as necessárias interdisciplinaridade e cooperação internacional”, aponta o pesquisador.

Ele destaca o papel fundamental que as academias de ciências desempenharam no processo. “Elas levaram a temática ao G20 em 2019, garantindo o apoio das nações mais ricas, promovem diferentes ações, como a recente Declaração da IAP, e trabalham para endossar as atividades da Década da Ciência Oceânica em suas respectivas regiões, a produção de estudos e a organização de eventos no âmbito da ciência oceânica”.

Os oceanos ocupam cerca de 71% da superfície da Terra e garantem o bem estar da população através da produção de oxigênio, da extração de peixes e frutos do mar para a alimentação, com lugares de descanso e lazer para visitar e com caminhos marítimos para transporte, abrindo possibilidades para várias atividades profissionais.

A íntegra do texto da Declaração sobre a Proteção de Ambientes Marinhos pode ser acessada aqui.