Uece e GenPharma criam analgésicos com venenos de animais mais potentes que morfina

13 de janeiro de 2017 - 16:57

A Universidade Estadual do Ceará (Uece), por meio do Laboratório deToxinologia e Farmacologia Molecular do Instituto Superior de CiênciasBiomédicas (ISCB), em parceria com a empresa GenPharma, desenvolveu,através de pesquisas, poderosos analgésicos a partir do veneno da cobracascavel e do sapo-cururu.
O projeto é coordenado pelo professor do curso de Medicina da Uece,Krishnamurti de Morais Carvalho, e por Maria Denise Fernandes Carvalho, daGenPharma, que recentemente foi aprovada em concurso docente da Uece.

De acordo com Krishnamurti, os novos analgésicos, mais potentes que amorfina, “apresentaram grande eficácia contra as dores neuropáticasexperimentais que atingem pelo menos 7% da população mundial, mas cujostratamentos atuais aliviam apenas cerca de 30% dos pacientes”, além depossuir um mecanismo de ação diferente da morfina, condição que isentaráuma série de importantes efeitos colaterais, como dependência física,depressão respiratória e constipação.

Os venenos utilizados no projeto pertencem a animais da biodiversidade doNordeste, a uma [image: alt]espécie de cascavel (*Crotalus durissuscascavela*) e a uma grande espécie de anfíbio, o sapo-cururu (*Rinhellajimi*), que conseguiram sobreviver e evoluir durante milhões de anos emregiões inóspitas, com secas frequentes e duradouras.
Segundo o pesquisador, graças ao apoio do programa Subvenção Nacional, daFinanciadora de Estudos e Projetos (Finep) e mais recentemente dosprogramas de Apoio à Inovação Tecnológica em Microempresas e Empresas dePequeno Porte (TECNOVA/Finep), e InovaFIT, da Fundação Cearense de Apoio àPesquisa (Funcap), na fase 1, a Uece e a Genpharma sintetizaram novospeptídeos a partir da estrutura química dos naturais e iniciaram os estudostoxicológicos agudos pré-clínicos, última etapa considerada essencial pelaANVISA, antes da realização dos estudos clínicos no homem.

A exitosa pesquisa, que conta também com apoio do Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é um exemplo bem-sucedidoda parceria Universidade/Empresa que contribuiu com o desenvolvimento econclusão das teses de quatro alunos de doutorado do Programa de Apoio aProjetos de Doutorado Interinstitucional (DINTER) de Ciências Fisiológicase RENORBIO da Uece, e com uma patente que está aguardando trâmitesburocráticos para depósito no INPI.