Especial Mulher & Ciência: Entrevista com a pesquisadora Ana Carolina Costa Pereira

10 de março de 2016 - 17:49

Graduada em Matemática pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), mestre em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ana Carolina Costa Pereira é coordenadora do Laboratório de Matemática e Ensino da Uece e do curso de matemática da Universidade Aberta do Brasil.

Nossa entrevistada de hoje (10) para o Especial Mulher & Ciência é a editora do Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (BOCEHM), editado pelo Grupo de Pesquisa em Educação e História da Matemática (GPEHM), do qual é líder.

Confira a entrevista.

1 – Professora, o que a levou para sua área de pesquisa? Quais foram as influências? Existe alguma referência feminina atual?

Minha área de atuação é a História da Matemática, uma subárea da Educação Matemática. Meu envolvimento com a área veio da paixão do meu ex-orientador de Iniciação Científica, professor Cleiton Batista Vasconcelos (in memoriam), da Universidade Estadual do Ceará (Uece) o qual fui bolsista da Funcap (1999 – 2001). Ele adorava ler e estudar a história da matemática e isso me influenciou tanto que fiz o mestrado na Unesp, o doutorado na UFRN na área e irei fazer o pós-doutorado próximo ano na PUC-SP em História da Matemática.

Na área, minhas referências são minhas ex-orientadoras: Professoras Bernadete Morey (UFRN) e Rosa Maria S. Baroni (Unesp), que me guiaram no ensinamento acadêmico tanto de pesquisa como de sala de aula.

2 – Quais pesquisas a senhora está desenvolvendo agora? 

No momento, estou envolvida em estudos que envolvem a história da matemática e suas relações com a Educação Matemática e a formação inicial de professores. 

Dentre eles são estudadas: “Construindo conceitos Matemáticos a partir de alguns instrumentos históricos de Medida: Régua de Cálculo”; “Estudando conceitos matemáticos a partir da construção de instrumentos matemáticos e náuticos nos séculos XV a XVII”; “O Uso de fontes histórias para o ensino de Matemática: Papiro de Rhind e A obra livro Lilavati de Bhascara (século XII)” e “O uso de histórias em quadrinhos na matemática”.

Essas pesquisas fazem parte de projetos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Educação e História da Matemática (GPEHM), o qual sou líder na Uece.

3 – Como se deu a construção da sua carreira científica em um meio (academia) que não está imune ao machismo da sociedade?

Graduei-me em Licenciatura em Matemática (2001), um curso onde a maioria dos interessados são do sexo masculino. Como as coisas aconteceram muito rápido na minha vida – terminei graduação na UECE em 2001, especialização em Ensino de matemática na Uece em 2002, Mestrado em educação Matemática na UnespP em 2005 e doutorado na UFRN em 2010 – foi com muito esforço principalmente porque, como morei fora do meu estado de origem (São Paulo e Rio Grande do Norte), tudo era mais difícil, principalmente na questão financeira e familiar (ficar longe dos familiares).

Não sofri preconceito por ser mulher no mundo da ciência, mas sim por ser nordestina na região sudeste.

4 – A senhora vivenciou um presenciou algum caso de machismo durante sua carreira?

Não.

5 – Qual mensagem a senhora gostaria de deixar para as meninas e jovens que possuem interesse ou já iniciaram uma carreira no mundo da Ciência?

Nunca desistam dos seus sonhos. Tornem eles realidades com o esforço dos estudos, das noites em claro, das dificuldades financeiras que devem ser ultrapassadas a cada amanhecer do dia. Muitos dizem que o mundo das exatas não é para mulheres. Sou a prova viva! Passei no vestibular para licenciatura em Matemática com 16 anos e fui doutora aos 27 anos. Hoje, amo minha profissão.

Passei por muitas dificuldades, mas hoje colho os frutos de tudo que plantei. Amo minha matemática e faço dela algo presente no meu dia-a-dia e na minha sala de aula.Não me arrependo de tudo que passei!

Hoje, passo aos meus alunos toda a experiência que adquiri e o amor a minha profissão. Nasci como cientista na Uece e hoje sou professora adjunta da casa, perpetuando tudo aquilo que aprendi como aluna, pessoa e pesquisadora.

Feliz dia das Mulheres.