Especial Mulher & Ciência: Entrevista com a pesquisadora Aline Vieira Landim

9 de março de 2016 - 16:56

Graduada em Zootecnia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), mestre em Ciências Agrárias pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Aline Vieira Landim é professora do Departamento de Zootecnia da UVA, coordenadora do Mestrado em Zootecnia da instituição e nossa segunda entrevistada de hoje (9) para o Especial Mulher & Ciência.

Bolsista de Iniciativa Científica e de mestrado da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), a professora teve as pesquisas “Efeito do grupo genético nas características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros criados no semiárido brasileiro” e “Indicadores Zootécnicos e caracterização da carcaça e da carne de ovinos Morada Nova na região semiárida” apoiadas pela Fundação.

1 – Professora, o que a levou para sua área de pesquisa? Quais foram as influências? Existe alguma referência feminina atual?

Primeiro, a paixão pela Zootecnia. Uma profissão que considero um verdadeiro desafio, e que ao mesmo tempo retrata sua importância no Cenário da Produção Animal. Porém, a escolha da área de Melhoramento Genético Animal veio aliada à oportunidade de ter tido o primeiro contato ainda na graduação com uma pessoa que considero referência no meio científico da área, a doutora Concepta McManus Pimentel, docente da Universidade de Brasília (UnB), a quem devo minha eterna admiração e gratidão.

2 – Quais pesquisas a senhora está desenvolvendo agora?

Estamos desenvolvendo pesquisas com ovinos Morada Nova, uma raça considerada localmente adaptada na região do Semiárido nordestino brasileiro, mas ainda pouco difundida nas atividades da ovinocultura, tendo como objetivo a produção de carne. Assim, as pesquisas são direcionadas para identificar o potencial genético destes animais, através do conhecimento de características adaptativas, desempenho e qualidade da carcaça.

3 – Como se deu a construção da sua carreira científica em um meio (academia) que não está imune ao machismo da sociedade?

No início da carreira observei ações competitivas. No entanto, não foi algo que me fez retroceder, já que considero como fator decisivo em qualquer situação o dom da perseverança e do conhecimento. E o fato de ser mulher e Zootecnista não impede de estar inserida no campo, no meio acadêmico ou na pesquisa em condições igualitárias aos homens. Creio que essa denominação de profissões mais masculinas e/ou mais femininas estejam menos evidentes no meio acadêmico, mas tenho ciência que essa diferença de gênero ainda ocorre em muitas situações, principalmente em cargos de gerenciamento.

4 – A senhora vivenciou ou presenciou algum caso de machismo durante sua carreira?

Sim, em alguns momentos no início da carreira, mas pouco relevantes.

5 – Qual mensagem a senhora gostaria de deixar para as meninas e jovens que possuem interesse ou já iniciaram uma carreira no mundo da Ciência?

Que os jovens se dediquem à carreira científica com determinação, ética e humildade, pois as conquistas são apenas resultados deste conjunto de ações, que são determinantes para a condução de um bom trabalho.