Pesquisadores do Ceará contribuem para projeto Vila do Mar

13 de agosto de 2009 - 18:26

Da Agência Funcap

Por Sílvio Mauro

Para boa parte da população de Fortaleza, o litoral da cidade se resume a dois de seus principais cartões postais: a Praia do Futuro e a faixa de areia que começa no aterro da Praia de Iracema e segue até o Porto do Mucuripe. No entanto, há uma imensa zona da orla que há anos sofre com erosão e abandono. Ela abrange praticamente todo o litoral oeste e inclui o Pirambu, um dos bairros mais pobres e violentos da capital cearense. Agora, com a ajuda da ciência, há a perspectiva de que toda essa área seja recuperada e se integre ao cotidiano da população.

A Prefeitura de Fortaleza está realizando, nessa região, o projeto Vila do Mar. Segundo informações obtidas no site da administração municipal, o projeto está orçado em aproximadamente 171 milhões de reais e irá beneficiar com moradias e reformas um total de cerca de oito mil famílias. Além do Pirambu, os bairros próximos Cristo Redentor e Barra do Ceará serão atendidos. Mas junto com as obras de urbanismo, estão previstas intervenções na dinâmica da faixa de oceano da região, feitas com a contribuição de pesquisadores do Ceará.

O Instituto de Ciências do Mar (Labomar), instituição vinculada à Universidade Federal do Ceará (UFC), realizou um estudo detalhado da orla oeste. Coordenado pelos professores Luis Parente Maia e Leonardo Hislei Uchoa, ele detectou, entre os principais problemas a erosão de praias, que em algumas áreas fez praticamente desaparecer a faixa de areia, e o assoreamento de alguns locais, por causa do depósito de sedimentos.

A solução para o problema envolve uma complexa série de obras que compreende principalmente a reforma dos espigões que foram construídos ao longo dos anos para conter a violência do mar. Alguns serão retirados e outros terão sua extensão aumentada de 150 para 250 metros. Segundo o projeto, o objetivo da medida é facilitar o acúmulo de sedimentos e, dessa forma, conter a erosão das faixas de praia. Além disso, aproximadamente 500 mil metros cúbicos de areia serão usados para restaurar 5,5 de litoral.

Outra mudança na região que foi proporcionada pelos estudos científicos é que foi detectado, na análise do Labomar, um canal submerso que permitiu a construção de um ancoradouro para pequenas embarcações. Ele será instalado na ponta de um espigão de mais de 800 metros.

O trabalho dos cientistas envolve desde a análise dos movimentos das marés e da energia das ondas até a quantidade e o peso e a constituição físico-química de cada rocha usada nas obras. Além disso, foi preciso considerar até a influência da Zona de Convergência Inter-tropical (que fica localizada no Oceano Atlântico entre a America do Sul e a África, na linha do Equador) sobre o clima e o ventos que incidem no litoral do Ceará.

Segundo Rossicleide Ferreira, representante da Prefeitura de Fortaleza que está coordenando o projeto, a reforma dos espigões e a criação das novas faixas de praia devem ficar prontas em outubro próximo. Ela acredita que a obra irá possibilitar, além da devolução de uma parte do litoral da cidade que a erosão destruiu, a volta da pesca artesanal àquela região. A expectativa é que todo o projeto, incluindo as intervenções urbanísticas, estará concluído em setembro do ano que vem.