Após tratamento com Elmo, paciente de 70 anos recebe alta

20 de julho de 2020 - 17:15

A aposentada Maria Irismar Morais, de 70 anos, celebrou a volta para casa em Jaguaribe, no interior do Ceará, na última quinta-feira, 16, depois de 13 dias internada no Hospital Leonardo da Vinci (HLV) por causa da Covid-19. Ela se recuperou de uma insuficiência respiratória através do tratamento com o Elmo, capacete desenvolvido por pesquisadores do Estado que utiliza mecanismo de respiração artificial não invasivo.

O resultado animou os pesquisadores envolvidos na produção e na pesquisa do capacete. “O Elmo foi usado quando a paciente necessitou de mais oxigênio, contribuindo para uma melhora mais rápida do quadro pulmonar. O dispositivo foi considerado confortável por ela, especialmente após as primeiras horas de uso”, destaca Marcelo Alcantara, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e idealizador do modelo.

Promessa para tratar casos leves e moderados de infecção pelo novo coronavírus, o capacete de respiração assistida está em fase de testes em pacientes internados no HLV desde o fim de junho. O experimento é fruto de uma força-tarefa composta pelo Governo do Ceará (por meio da Secretaria de Saúde do Estado, da ESP/CE e da Funcap), pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará – Fiec (através do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai), pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

O estudo clínico do Elmo já envolveu 15 pessoas, entre voluntários e pacientes. A aplicação do dispositivo em internados é feita por profissionais de saúde do HLV. Eles foram treinados e são supervisionados por uma equipe de pesquisadores composta por médicos, fisioterapeutas e engenheiros clínicos, sob a coordenação da ESP/CE. O teste em pacientes é autorizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), um dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o capacete possa ser produzido em escala industrial.

O dispositivo está em processo de licença para produção e comercialização em território nacional. Na semana passada, a força-tarefa do Elmo depositou a patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

 

Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite o fornecimento de oxigênio a uma pressão definida e a pessoa em tratamento respira com auxílio da pressurização. Desse modo, o sistema permite a melhora na respiração, podendo eventualmente evitar a necessidade de intubação.

O modelo foi produzido em tempo recorde (apenas três meses) graças à união de ciência, tecnologia e inovação. A criação e consolidação do protótipo foram realizadas na sede do Senai, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, onde está instalada a Central Ventiladores Mecânicos e Equipamentos Respiratórios (CVMER). Já a atual fase de estudos clínicos está prevista para terminar nas próximas semanas.

Além do benefício para os pacientes, o Elmo traz mais segurança às unidades de saúde, uma vez que, vedado ao pescoço do paciente, ele evita que partículas do vírus se espalhem no ambiente e contaminem os profissionais. Além disso, o baixo custo, atrelado à simplicidade da composição, permite a produção em larga escala do equipamento, que ainda pode ser desinfetado e reutilizado.