Projeto apoiado pela Funcap desenvolve sistema de realidade virtual para tratamento de vertigem

21 de março de 2018 - 08:45

Problema bastante comum, a tontura ou vertigem decorre de uma alteração na região vestibular (conjunto dos órgãos internos do ouvido), que faz com que o cérebro receba informações errôneas sobre sua posição num determinado lugar no espaço. Isso acarreta sensação de mal estar e de que a pessoa está rodando, flutuando ou caindo, mesmo quando parada.

 

Com o objetivo de facilitar e tornar o tratamento da tontura mais acessível para pacientes e profissionais, um grupo de pesquisadores da startup Valente Studio criou o Viver, sistema de tratamento da região vestibular baseado na realidade virtual. A empresa, que atua em parceria com a Universidade de Fortaleza (Unifor) na área de desenvolvimento de projetos, conta com o apoio da Funcap para a pesquisa, através do edital Inovafit.

 

O projeto propõe a simulação de ambientes através de um aparelho celular adaptado em um óculos simulador da realidade virtual e o uso de uma balança eletrônica para acompanhar os movimentos do paciente. Com isso, é possível criar várias situações nas quais ele pode ser submetido a estímulos e ser avaliado pelo terapeuta. O principal objetivo é ajudar a reabilitação vestibular, procedimento fisiológico que melhora e restaura os distúrbios do equilíbrio corporal.

 

O trabalho da empresa consistiu no desenvolvimento de um software que traz mais portabilidade ao projeto, ao atuar entre dispositivos móveis e computadores, na construção do óculos e na adaptação da balança eletrônica, feita inicialmente para trabalhar apenas via bluetooth, para conexão com o celular por cabo USB. A solução, segundo os responsáveis pelo projeto, foi pensada para ser de baixo custo, tornando-a mais acessível em relação aos componentes usados no tratamento convencional da reabilitação vestibular.

 

De acordo com a Valente Studio, o uso da realidade virtual traz como um dos principais benefícios a criação de estímulos mais individualizados e personalizados para cada paciente. Ela também permite mudanças no ambiente virtual em que tais estímulos são apresentados. O paciente pode ser colocado, por exemplo, em salas diferentes e com vários objetos ao seu redor, e estes objetos podem estar parados ou em movimento. O  terapeuta também pode parametrizar e definir os estímulos de forma mais exata. Como consequência desses fatores, a terapia fica mais atrativa, aumentando a adesão das pessoas ao tratamento.

 

Daniel Valente, um dos coordenadores do projeto, ressalta que outra possível vantagem do Viver é o menor prazo para obter resultados, em relação ao tratamento convencional.  “Nossa expectativa é de que após três sessões em uma semana, de uma hora cada, com exercícios domiciliares diários, já se perceba melhora”, afirma. Vale ressaltar, no entanto, que o prazo não depende apenas do sistema mas de múltiplos fatores, como o tipo e intensidade da doença, as terapias complementares e a idade e a adesão do paciente à realização dos exercícios em casa.

 

Para o desenvolvimento da solução, a Valente Studio conta com o apoio da Clínica Otos.  Segundo o médico Magno Peixoto, representante da instituição no projeto, a expectativa é de que o Viver, através dos módulos que possibilitam a execução dos exercícios em casa, com seu próprios aparelhos celulares, “proporcione uma maior adesão ao tratamento de reabilitação vestibular, além de prover ao terapeuta dados objetivos de evolução dos pacientes que permitam um melhor seguimento clínico e a otimização da terapia”.

 

Os testes do Viver com pacientes estão programados para começar no segundo semestre de 2018 e a previsão de comercialização é para o início de 2019. O custo do tratamento irá variar de acordo com o plano de assinatura. O mensal deverá ter preço de R$ 150, o semestral de R$ 800,00 e o anual de R$ 1.500,00.