Projeto apoiado pela Funcap desenvolve novo tratamento para poluentes da indústria têxtil
27 de setembro de 2017 - 12:36
Feitos para apresentar alto grau de estabilidade química e fotolítica, com o intuito demanter sua estrutura e cor e resistir ao tempo e à exposição a fatores como luz, água, sabão e a transpiração, os corantes têxteis modernos podem causar sérios danos ao meio ambiente por causa dessa característica. E são materiais largamenteusados: estima-se que haja, no Brasil, um consumo próximo a 30 mil toneladas de corantes por ano.
Considerando esse quadro e com o objetivo de oferecer uma alternativa economicamente viável e ecológica para o tratamento dos efluentes têxteis, a Fábrica de Redes Isaac, uma empresa cearense do setor, desenvolveu, com o apoio do Governo do Estado, através da Funcap, o projeto “Eletrooxidação/fotocatálise heterogênea aplicadas ao tratamento de efluente têxtilpara reuso e descarte”. A iniciativa obteve recursos através do edital Pappe e é realizada em parceria com o Departamento de Química Analítica e Físico-Química eo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, ambos da Universidade Federal do Ceará (veja lista no fim do texto com a equipe completa).
No projeto, um equipamento chamado de câmara híbrida faz o tratamento dos efluentes têxteis através do “Processo Oxidativo Avançado (POA)”, onde um potencial elétrico é aplicado provocando uma reação química não espontânea no meio aquoso (eletroxidação/eletrocoagulação/eletroflotação). Com isso, pode haver oxidação (causando a desconstrução da estrutura original da substância) ou redução de íons metálicos, íons cianeto, compostos organoclorados, hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos e seus derivados. Isso faz com que agentes poluidores sejam separados e transformados em compostos menos tóxicos, permitindo o tratamento adequado.
Segundo Eliezer Abdala, um dos pesquisadores do projeto, existem, no mercado, outras formas de tratamento dos efluentes têxteis, como o físico-químico e a adsorção, que podem ser associados ou não a processos biológicos, que são tecnologias baseadas em “transferência de fase”. Esses sistemas retiram os poluentes da fase líquida e os levam à fase sólida, facilitando sua retirada do efluente e promovendo sua clarificação. Os resíduos sólidos são depositados em aterros sanitários ou incinerados.
Já o POA, processo previsto pelo projeto, é promovido por uma célula eletrolítica e reduz a toxicidade dos efluentes através da transformação de substâncias persistentes em outras, que são biodegradáveis. “Além de ajudar a preservar o meio ambiente, a câmara híbrida colabora para a redução nos custos de fabricação, devido à possibilidade de reuso da água no processo produtivo. Ele se torna 12% a 15% mais barato que os outros processos, pois não faz uso de produtos químicos”, explica Eliezer.
Segundo os responsáveis pela pesquisa, outro benefício obtido no novo método é uma redução de cerca de 20% no consumo de energia em relação às alternativas existentes hoje, o que também contribui para a preservação do meio ambiente. A expectativa para o término do projeto é em março de 2018, com lançamento no mercado no segundo semestre do mesmo ano.
Equipe do projeto
Professor Ronaldo Ferreira
Professor André Gadelha
Professora Carla Bastos
Professor Eliezer Abdala
Professor Jefferson Pereira
Professora Liana Maia