Estudos com fosfoetanolamina na UFC estão parados por falta de recursos
9 de novembro de 2016 - 17:32
Os estudos para avaliação da eficácia da fosfoetanolamina no tratamento do câncer, que geraram grande expectativa no Brasil, estão parados por falta de verbas e de material. É o que informa o professor Odorico de Moraes, diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), laboratório vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC). A entidade realiza estudos sobre a droga em parceria com o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de Santa Catarina.
Segundo Odorico, já foram realizadas duas fases do trabalho: exames de toxicologia pré-clinica, para avaliar a segurança no uso da fosfoetanolamina (como toxicidade e efeitos colaterais) e estudo de eficácia para avaliação de tumores em animais. A etapa seguinte seria os testes da droga em seres humanos, mas com as mudanças no Governo Federal, que trocou ministros e fundiu o Ministério da Ciência e Tecnologia com o das Comunicações, tudo ficou parado e há muita indefinição sobre o futuro da pesquisa.
“Ainda não recebemos informações se o novo ministro providenciou os recursos para dar continuidade ao trabalho nem os meios para obtenção da matéria-prima que, anteriormente, era fabricada pela unidade da Universidade de São Paulo (USP) que fica localizada em São Carlos”, afirma o professor. Ele ressalta que os testes com seres humanos deveriam ter começado em agosto último, mas não foram realizados por falta de condições. “Recebemos informação de que os recursos existem, mas estão contingenciados”.
O estudos com a fosfoetanolamina foram encomendados ao NPDM pelo então Ministério da Ciência e Tecnologia após uma grande polêmica envolvendo a droga no tratamento do câncer. Desenvolvida por um pesquisador da USP, ela começou a ser usada por pacientes sem a devida comprovação científica da sua eficácia, embora houvessem relatos de resultados positivos alcançados. O trabalho tinha como principal objetivo elucidar a questão para, caso a eficiência fosse realmente assegurada, iniciar o uso da droga em tratamentos prescritos pelos médicos.