Estudo revela a importância da conservação das florestas para mitigação do clima
23 de maio de 2016 - 13:58
Ecóloga do Museu Goeldi, Ima Vieira, integra equipe de 60 cientistas que estudaram 43 regiões da América Latina. O trabalho comprova o papel fundamental das florestas secundárias para o sequestro de carbono.
Estudo publicado em maio na revista Science Advances revela a importância da conservação das florestas da América Latina para a mitigação do clima. Uma equipe de 60 cientistas, entre eles a pesquisadora Ima Vieira, do Museu Goeldi, analisou 43 regiões para quantificar o sequestro de carbono – processo de remoção de gás carbônico da atmosfera por meio da fotossíntese. Segundo o estudo, florestas secundárias, que são fruto da regeneração de áreas após a remoção quase completa da cobertura pela atividade agrícola ou pecuária, possuem elevada capacidade de armazenamento de carbono.
Das áreas analisadas no estudo, 17% são florestas secundárias jovens (até 20 anos) e 11% de idade intermediária (entre 20 e 60 anos). A quantidade armazenada de carbono ao longo de 40 anos chega a 100% nas florestas jovens e a 120% nas intermediárias, se preservadas. A pesquisa revela ainda que, nos próximos 40 anos, a quantidade de sequestro de carbono das áreas estudadas é de 31,09 bilhões de toneladas de CO2, o que equivale a emissão de combustíveis fósseis nos países da América Latina e Caribe de 1993 a 2014. Apenas dez países contribuem para 95% do armazenamento de carbono, sendo que somente o Brasil é responsável por 71% desse valor.
O trabalho, desenvolvido pela Rede Internacional “Secondary Forests” e o projeto Partners Reforestation Network, envolveu a modelagem de áreas florestais para projetar o estoque potencial de carbono ao longo de quatro décadas, classifica-las por idade e ilustrar cenários alternativos para armazenamento de carbono. No Pará, as pesquisas foram desenvolvidas no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia em conjunto com as redes internacionais de pesquisa Partners e a Rede Internacional Secondary Forests.
Segundo a pesquisadora Ima Vieira, a boa gestão das florestas secundárias da Amazônia brasileira pode aliviar a pressão sobre remanescentes de floresta primária. “É preciso focar em estudos sobre os fatores socioeconômicos responsáveis pela formação das florestas secundárias, as interações de florestas secundárias com outros tipos de uso da terra”, afirma a ecóloga do Museu Goeldi.
Fonte: Museu Goeldi