Projeto de planetário itinerante será implantado no sertão do Ceará

9 de janeiro de 2013 - 11:32

O sertão central cearense está perto de ganhar um planetário itinerante que pretende consolidar o ensino da astronomia nas escolas do ciclo fundamental e médio da região do maciço do Baturité. A proposta do professor Michel Lopes Granjeiro, da área de Formação Docente e do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza e Matemática da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), foi aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). O projeto terá duração de dois anos e tem por objetivo instigar o interesse dos estudantes pela ciência.

Tudo começou há 15 anos, quando o jovem Michel visitou o Planetário Rubens de Azevedo, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. “Depois disso, comecei a ler sobre o tema e isso despertou em mim um instinto de curiosidade. Desde então, eu pesquiso o cosmo e o universo”, comenta. Aquele adolescente curioso se transformou em físico e hoje, aos 30 anos, tem o título de doutor pela Universidade Federal do Ceará.

O professor da rede estadual de ensino, que atualmente também se dedica à pesquisa no campo astronômico, conta que, desde o momento que conheceu o planetário, passou a sonhar com a possibilidade de levar aquele novo mundo para a sala de aula. “Raramente uma discussão em Astronomia é vivenciada nas escolas. Talvez por falta de conhecimento do próprio professor ou por falta de recursos físicos nos estabelecimentos de ensino”, analisa.

Realidade que o cearense pretende mudar. A ideia com a implantação e o desenvolvimento do projeto é difundir e popularizar a astronomia e as ciências afins entre os estudantes do curso de licenciatura da própria universidade que atua e entre os alunos e professores da rede estadual de ensino.

Equipamentos

Segundo o coordenador do projeto, os R$ 129 mil, a serem disponibilizados pelo CNPq, serão utilizados na compra de equipamentos para compor o planetário, entre eles, o domo (cúpula inflável), um projetor, um telescópio. Outros cinco a dez planetários simples (miniaturas) serão adquiridos para auxiliar professores em sala de aula. A cúpula terá capacidade para atender de 30 a 60 pessoas, ou seja, uma turma de cada vez, e softwares específicos serão utilizados nas apresentações de acordo com o nível de aprendizado dos alunos.

O projeto terá duração de 24 meses. O início das visitas às unidades de ensino se dará, provavelmente, a partir de julho, logo após a obtenção dos recursos, a instalação dos equipamentos didáticos e a posterior aquisição dos materiais de divulgação científica e do treinamento da equipe envolvida. “Tenho certeza de que o projeto será muito bem recebido e com festa pelas escolas do interior do Ceará”, prevê.

Além de divulgar a área de conhecimento, Granjeiro planeja contribuir para a formação dos alunos do curso de licenciatura. “Teremos de cinco e dez discentes voluntários que irão com o projeto de escola em escola”, esclarece. “Além de aprender eles vão ensinar para outros alunos.”

Incentivo

Segundo o diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ildeu Moreira, o apoio a espaços como os planetários faz parte de um esforço da pasta federal para criar locais que ofereçam condições para estimular a formação de uma cultura científica no país.

O dirigente do MCTI explica que o apoio do ministério é viabilizado por meio de editais, de recursos via fundos setoriais ou emendas parlamentares e, ainda, pelas parcerias com os governos estaduais e municipais. Moreira defende os espaços científicos como grandes aliados para o aperfeiçoamento do sistema de educação.

Segundo ele, embora vários espaços tenham sido criados nos últimos anos, a quantidade de unidades é insuficiente e mal distribuída pelo país. “Algumas partes do Brasil têm pouquíssimo acesso a museus de ciência, planetários, jardins botânicos”, diz.

Fonte: Ascom do MCTI