CNPq vai lançar edital de R$ 40 milhões para apoio à educação em assentamentos

2 de outubro de 2012 - 18:45

O CNPq vai lançar, até o final do mês de outubro, uma chamada pública de R$ 40 milhões para o fomento de ações com objetivo de propiciar às populações dos assentamentos de reforma agrária educação, capacitação profissional e especialização em diferentes áreas do conhecimento. A iniciativa reedita o primeiro edital lançado em 2009, que aplicou R$ 3,923 milhões em 12 projetos no País, anunciou, no último dia 27, o diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, no Seminário Internacional de Fruticultura, Floricultura e Agroindústria (Frutal), no Centro de Eventos, em Fortaleza (CE).

Segundo ele, a ação se dá no âmbito do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) para contribuir com os projetos de desenvolvimento e transferência de tecnologia nos assentamentos rurais. O primeiro edital foi considerado um sucesso pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Incra, que bancam a reedição para capacitação e extensão tecnológica, explicou Beirão durante mesa-redonda que discutiu extensão tecnológica e educação profissional, com a participação do deputado Ariosto Holanda, de Christiane Cruz Pereira, da Secretaria de Educação do Ceará, e coordenação de Ricardo Costa e Silva, da Secitece.

O financiamento de bolsas de extensão, conforme Beirão, tem sido irregular, uma vez que depende de emendas parlamentares ou de ministérios. Como exemplo de programa que tem tido sucesso, o diretor do CNPq citou o de bolsas de extensão colocadas pelo deputado Ariosto Holanda no IFCE em emenda de R$ 1,5 milhão – que, de acordo com ele, terá continuidade –, e o do Pronera, que tende a ser perene. Ele enfatizou a necessidade de identificação de fontes de recursos regulares para o fomento de projetos desta natureza.

Na oportunidade, Beirão defendeu o interesse no desenvolvimento da cultura de pesquisa tecnológica e da extensão inovadora. Para o diretor, extensão inovadora é transferir para a sociedade o que é produzido de avanço científico e tecnológico. “Não é papel do CNPq ensinar coisas que já são do conhecimento geral, o que cabe ao MEC, Sesi ou Senai. Existe avanço do conhecimento de nossos pesquisadores que pode ser aplicado de imediato em algumas áreas como a agricultura tropical, que encontra canal rápido para ser levado aos produtores – pequenos e grandes”, afirmou.

O diretor do CNPq nomeou os programas em carteira para fomento tecnológico – bioenergia (etanol e biodiesel), água e conservação de recursos hídricos, defesa agropecuária, impactos ambientais da atividade pecuária, cadeias produtivas, fertilizantes alternativos na agricultura, arranjos produtivos locais e bolsas no âmbito dos fundos setoriais. Citou ainda os programas de tecnologias sociais e extensão inovadora para a agricultura familiar e minorias, apoio a catadores de materiais recicláveis e apoio a jovens lideranças rurais, cujas ações na área agropecuária relacionou em seguida, ao nominar programas apoiados a partir de 2008.

Produção Científica

Beirão observou ainda que Brasil é o 13º no ranking da produção científica mundial, com 2,7% do que é publicado em periódicos indexados no mundo e destaque para as áreas de Ciências Agrárias (9,89% em 2009) e Ciências dos Animais/Plantas com 7,04%. Em seguida, fez um paralelo entre a produção científica do Brasil na área de Ciências agrárias, na qual o País é o segundo melhor colocado no mundo, e o desenvolvimento de novos produtos. Os números, segundo ele, contradizem a afirmação de que publicar não tem a ver com o desenvolvimento de tecnologia.

“A área de Ciências Agrárias é onde o Brasil mais produz tecnologias. O País é muito bem sucedido no desenvolvimento de produtos agrários novos e também somos campeões na área de publicação”, disse o diretor do CNPq. O ranking no segmento é liderado pelos Estados Unidos. Todavia, segundo ele, na titulação de doutores – 11,4 mil por ano em 2009 -, o Brasil está muito abaixo da média mundial no número de pesquisadores por habitante, embora em quatro anos o País tenha duplicado o seu desempenho e, por isso, ele recomenda continuar a qualificar as pessoas.

Com informações do Jornal da Ciência – SBPC