Proposta de um novo roteiro geoturístico no Cariri

21 de março de 2012 - 11:40

21/03/2012

O Cariri cearense é mundialmente conhecido por suas riquezas naturais e por seus fósseis de preservação surpreendente. Nessa região, os municípios de Nova Olinda, Santana do Cariri, Missão Velha e Jardim possuem excelentes afloramentos com fósseis que proporcionam o fácil entendimento pelo visitante de seu significado no contexto da história geológica da Terra.

Em 2006, foi criado o programa governamental Geopark Araripe, que enfatiza um roteiro de visitação predominantemente voltado para o oeste da cidade de Juazeiro do Norte. Pensando em uma forma de contemplar a porção leste da mesma cidade, possibilitando o desenvolvimento geoturístico de outros municípios ainda pouco abrangidos pelas ações do Geopark, a pesquisadora Maria Iraídes Rufino de Sales elaborou, como trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Paleontologia e Geologia Histórica pela Universidade Federal do Ceará, a monografia “Proposta de um novo roteiro geoturístico no Cariri”. O curso, patrocinado pela Funcap, foi realizado em parceria com a Universidade Regional do Cariri (Urca).

Segundo Maria Iraídes, a pesquisa teve como objetivo oferecer uma nova opção de roteiro destinado aos turistas interessados nos fósseis da Bacia do Araripe, considerando a existência de diversos sítios paleontológicos na região que ainda são pouco conhecidos e possuem potencial para o desenvolvimento turístico do Cariri.

Ela explica que o turismo geológico e paleontológico é um segmento do turismo científico que se preocupa em conhecer o patrimônio rochoso e fossilífero, assim como os processos geológicos que ocorreram na Terra há milhões de anos. “O geoturismo, se praticado de maneira sustentável e participativa, colabora para o desenvolvimento sócio-econômico das comunidades da região, como qualquer tipo de atividade turística”, afirma a pesquisadora.

De acordo com ela, na Bacia do Araripe, o geoturismo pode ser bastante desenvolvido, pois os fósseis de pterossauros e dinossauros são excelentes motivações para o turista, mostrando algo que incita o imaginário da maioria das pessoas. No entanto, ainda não existe, na região, um roteiro turístico estruturado e voltado especificamente para a observação destes organismos fósseis. “O desenvolvimento de atividades geoturísticas na região pode oferecer, além do progresso social, cultural e científico, alternativas econômicas para o sustento das comunidades em períodos climáticos adversos. A implementação de um roteiro turístico na região poderia melhorar a conscientização da população leiga que, auxiliando em atividades relacionadas aos fósseis, veria nelas uma opção para melhoria de qualidade de vida, especialmente na de quem reside em áreas onde há sítios paleontológicos”, esclarece.

A proposta de roteiro elaborada pela pesquisadora, que propõe visitas a afloramentos e ocorrências geopaleontológicas a leste de Juazeiro do Norte, inclui os municípios de Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim. “Juazeiro do Norte recebe anualmente cerca de dois milhões de romeiros e muitos deles poderiam, a partir de lá, seguir um roteiro de visitação que mostre as riquezas geológicas e paleontológicas do Cariri”, explica Maria Iraídes.

A visita teria início no Crato, onde funciona o escritório do 10º Distrito Nacional de Produção Mineral (DNPM), com uma sala de fósseis vegetais, insetos, peixes, répteis e restos de pterossauros da Bacia do Araripe. De lá, o turista poderia parar no Arajara Park (http://www.arajarapark.com.br/), um dos maiores projetos de desenvolvimento sustentável baseado no turismo no Nordeste. A área, apesar de não apresentar registros macrofossilíferos, é repleta de trilhas para passeios ecológicos. Depois da visita ao parque, poderia partir para o sítio Correntinho, em Barbalha, com abundantes restos fossilizados de peixes, insetos, crustáceos e vegetais.

De Barbalha, o turista seguiria para Missão Velha chegando, um pouco antes da cidade, ao sítio Grota Funda, com fragmentos de troncos e ramos petrificados de coníferas (plantas presentes nas regiões tropicais e temperadas do planeta) neojurássicas. No centro de Missão Velha há diversas opções de restaurantes para os visitantes, que de lá iriam para o município de Jardim, onde chegariam ao museu da Casa Lima Botelho, que conta com um interessante acervo de fósseis da Formação de Santana. Por último, o turista pode seguir para o distrito de Sobradinho, com muitas concreções fossilíferas do Membro Romualdo da Formação de Santana.

Após a elaboração da proposta de roteiro, a pesquisadora concluiu que, na extensão da área abrangida pelo estudo, ainda não existe uma estrutura adequada para a recepção e acomodação de visitantes, sendo necessária a construção de uma rede de apoio ao turista, com hotéis, pousadas, restaurantes e áreas de lazer.

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