Divulgação científica no Brasil é tema de debate na 63ª Reunião Anual da SBPC

13 de julho de 2011 - 17:09

Da Agência Funcap
Por Giselle Soares

Goiânia – Qual é o papel do divulgador de ciência? Quem pode divulgar a política científica no país com toda a sua complexidade? Qual é o papel dos jornalistas, cientistas e da sociedade nessa discussão? Esses e outros pontos foram discutidos no terceiro dia de programação da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante a mesa-redonda “As diferentes faces da divulgação científica”. O debate foi coordenado pela diretora de criação da Cohen Comunicação, Adriana Lima e contou com a participação da professora Graça Caldas, da Unicamp, e da diretora de redação da revista Pesquisa Fapesp e atual presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), Mariluce Moura.

Para a professora Graça Caldas, ainda existe uma lacuna na formação dos jornalistas de ciência no Brasil. “O ideal seria inserir na grade curricular dos cursos de graduação em jornalismo disciplinas como Comunicação e Física, Comunicação e Biologia etc. Os jornalistas devem entender o que estão repassando para o público e não apenas reproduzir o discurso e a produção do cientista de forma acrítica. Ele deve conhecer a cultura e a história da ciência e as políticas públicas de C&T. Jornalistas não são papagaios. Devem ter uma formação mínima para fazer perguntas básicas ao pesquisador. É necessário refletir, contextualizar a informação, o conhecimento”, enfatizou a pesquisadora.

Ainda segundo Graça Caldas, jornalistas e cientistas devem trabalhar em parceria. De acordo com ela, a democratização do conhecimento passa não somente por sua disseminação, mas por uma visão crítica e educativa que possibilite refletir sobre a política pública e a produção científica. “É imprescindível levar à opinião pública o contráditório, as relações de poder e interesse, legítimos ou não, que envolvem todo o processo de produção científica pública ou privada”, afirma.

Na opinião da professora, o jornalista deve educar e não apenas informar a população. É preciso contextualizar a pesquisa em questão e dar à sociedade elementos mínimos para que possa opinar sobre o assunto em pauta. A percepção do cidadão é a mídia. A televisão é a maior fonte de informação do povo brasileiro, seguida da internet e de jornais. O aprendizado é, sobretudo um ato político, libertador”, explica.

A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), Mariluce Moura, ressaltou que apesar de os brasileiros se interessarem por assuntos relacionados à ciência, as notícias produzidas ainda são pouco lidas ou assistidas. “Em São Paulo, por exemplo, estado responsável por 50% da produção científica nacional, cerca de 76% da população não lê notícias sobre C&T nos jornais simplesmente porque não entende o conteúdo. Isso é preocupante e reflete a educação que nós temos”, alertou.