SBPC – Pesquisadoras debatem participação feminina em atividades científicas

12 de julho de 2011 - 17:08

Mulheres já são metade dos pesquisadores no Brasil. Preconceito ainda é grande.

Da Agência Funcap
Por Giselle Soares

Goiânia – Ao contrário do que muita gente pensa, as mulheres estão presentes na Ciência desde a História Antiga. Há relatos de participação feminina na medicina nas civilizações gregas e egípcia, por exemplo. Maria de Jewess, a inventora do “banho maria”, que viveu entre os séculos III a.C e I a. C. é considerada a primeira alquimista não-fictícia do mundo ocidental. Na Idade Média, no entanto, a mulher passou a ser discriminada, sendo considerada mentalmente inferior ao homem.

Esses e outros pontos relacionados à participação de mulheres em atividades científicas foram abordados no segundo dia da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). As professoras Vanderlan da Silva Bolzani, do Instituto de Química da Unesp e Vera M. Fonseca de Almeida e Val, do INPA (AM) comandaram o debate.

Segundo as pesquisadoras, apesar de a participação feminina estar aumentando consideravelmente, ainda existe muito preconceito por parte da sociedade e até mesmo da comunidade acadêmica. “No Brasil, as mulheres são metade do total de pesquisadores, mas a distribuição é desigual nas áreas do conhecimento. A maioria das mulheres acaba nas áreas das chamadas “soft sciences”, que são as ciências humanas, enquanto os homens dominam as “hard sciences”, como as ciências exatas e a engenharia”, explicou a professora Vera Val.

A professora Vanderlan Bolzani destacou o papel de Marie Curie no reconhecimento da participação feminina em atividades científicas. “O prestígio que ela conseguiu com suas pesquisas que culminaram com o recebimento de dois prêmios Nobel certamente ajudou bastante a mudar a visão do papel da mulher na ciência não apenas na Europa, mas no mundo todo”, afirmou.

Para Vera Val, o maior interesse feminino pelas chamadas “soft sciences” se deve, em parte, à formação cultural estereotipada. “As meninas são criadas para casar e cuidar da casa e vão mal em matemática, enquanto os meninos se desacam. Essa diferença vai se acentuando com o tempo e gerando baixa auto-estima feminina. Muitas mulheres acabam se achando incapazes de assumir posições de liderança. Felizmente essa realidade está mudando. Atualmente, temos uma mulher presidindo a SBPC”, disse.

Vera Val também mencionou a existência de fundos e de prêmios voltados para a participação feminina em atividades de pesquisa, como o Prêmio L’Oréal-ABC-Unesco e o Foundation’s Eleanor Roosevelt Fund.

Sobre Marie Curie

Marie Curie foi a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com um Prêmio Nobel, de Física, em 1903 (dividido com seu marido, Pierre Curie, e Becquerel) pelas suas descobertas no campo da radioatividade e com o Nobel de Química de 1911 pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio. Em sua homenagem, a Unesco decretou 2011 como o Ano Internacional da Química, pelos 100 anos do recebimento do Nobel de Química.