SBPC – Pesquisa demonstra como está a percepção pública sobre C&T no Brasil

12 de julho de 2011 - 17:08

Da Agência Funcap
Por Giselle Soares

A maioria da população brasileira nunca visitou um centro ou museu de ciências e não é capaz de citar um pesquisador brasileiro importante. Essas informações foram levantadas na pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil”, realizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em parceria com o Museu da Vida da Fiocruz em 2010. A pesquisa foi apresentada pelo diretor do Departamento de Difusão e Popularização da Ciência do MCT, Ildeu de Castro Moreira, no terceiro dia da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (MCT).

Segundo Ildeu, a pesquisa foi realizada com cerca de duas mil pessoas de diversas regiões do país, em cidades do interior e capitais. O estudo, que foi realizado com pessoas com idade igual ou superior a 16 anos, objetivava organizar um levantamento do grau de interesse, de informação e da visão e dos conhecimentos que os brasileiros têm de ciência e tecnologia.

Os dados levantados apontam que 92% da população brasileira nunca visitaram um museu ou centro de ciências e que dois terços das pessoas inseridas nesse percentual não possuem acesso a esses espaços, que não existem em suas regiões. “Os espaços destinados a C&T no Brasil ainda estão muito concentrados na região Sudeste. É preciso que a gente comece a regionalizar. Temos de pensar em uma política para espalhar espaços de C&T no Brasil de forma mais igualitária”, afirmou Ildeu.

Apesar de ainda ser grande o desconhecimento da população em relação a atividades científicas, o interesse geral por ciência e tecnologia tem crescido consideravelmente nos últimos anos, principalmente em questões relacionadas à saúde e ao meio ambiente.

Das pessoas que declararam pouco ou nenhum interesse por ciência e tecnologia, cerca de 40% declararam que não conseguem compreender os assuntos abordados. “Isso é preocupante, é um reflexo da nossa educação básica”.

Um outro ponto levantado por Ildeu foi a necessidade de mais inserções na mídia de matérias e programas televisivos relacionados à ciência. “A comunicação da ciência ainda é feita de maneira insuficiente e ruim. A televisão continua sendo a maior fonte de informação sobre ciência e tecnologia. É necessário colocar programas que sejam relevantes para as pessoas. Às vezes só uma entrevista com um cientista não é intessante. O ideal seria que as redes públicas fizessem programas de divulgação científica de qualidade”.

A pesquisa aponta, ainda que a maioria dos brasileiros não consegue citar um cientista brasileiro importante. “Nós não estamos contando a história da ciência brasileira. Ela não aparece nas escolas”. Os pesquisadores mais citados pelo estudo foram Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Vital Brazil, Cesar Lattes, Marcos Pontes, Zerbini, Adolfo Luz e Dráusio Varela. “Nenhum cientista social é citado nas pesquisas. Isso reflete a visão que as pessoas têm do que é um pesquisador”, alerta Ildeu.