Filhotes de tartaruga-de-pente nascem no Parque Nacional de Jericoacoara

3 de maio de 2011 - 19:06

Da assessoria do ICMBio

Cento e Oitenta e quatro filhotes de tartaruga-de-pente nasceram na manhã do último dia 27 de abril, na enseada oeste do Parque Nacional de Jericoacoara, Unidade de Conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes no Ceará.

Ao todo nasceram 184 filhotes vivos que entraram no mar, nadaram e não voltaram mais. Dez estavam mortos no ninho e dois ovos não eclodiram. O chefe da Unidade, Wagner Elias Cardoso, junto com toda a equipe e guias do passeio do cavalo-marinho soltaram os filhotes no mar ao pôr-do-sol.

A cena emociona não apenas os observadores mas também os técnicos que auxiliaram no trabalho. “É mais um exemplo que justifica a proteção deste território pelo Parque Nacional de Jericoacoara e pelo ICMBio, bem como a parceria e sensibilização das comunidades locais”, reforçou Cardoso.

O ninho foi identificado aproximadamente 60 dias antes, pelos guias que fizeram turismo de observação de cavalos-marinhos. A base do Centro Tamar/ICMBio em Almofala/CE colaborou à distância, com as orientações técnicas à equipe do Parque.

A localização do ninho foi marcada com GPS e monitorada diariamente com discrição, para evitar danos. Na cultura tradicional local, ovos de tartarugas marinhas são petiscos cobiçados, bem como a carne dos adultos, apesar do trabalho de educação e sensibilização ambiental realizado pela equipe do Parque desde 2006. Além disso, a praia é usada como trilha por veículos que circulam entre Jericoacoara e Tatajuba, o que por si só já represneta risco à integridade dos ninhos.

As tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) podem ser identificadas pelas quatro placas laterais na carapaça, imbricadas como telhas; duas placas pré-frontais na cabeça; bico bem pronunciado e curvo como de gavião e nadadeiras com uma unha ou garra, segundo o site do Centro Tamar/ICMBio.

Os guias do cavalo-marinho noticiaram o nascimento pela manhã e ajudaram a recolher os filhotes e colocá-los à sombra, para evitar predação, atropelamento e desorientação, já que o horário se aproximava do meio-dia, elevando o risco de morte antes dos filhotes atingirem o mar.

O estado de conservação da espécie é criticamente ameaçada, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. As fêmeas têm sempre a tendência em voltar à praia onde nasceram para se reproduzir e, por isso, não há possibilidade de recolonização em praias onde a espécie já não desova mais, conforme Marcovaldi e colaboradores (2011).