UVA realiza fórum do semiárido com foco em cursos para a comunidade

25 de fevereiro de 2011 - 18:23

Da Agência Funcap

Troca de experiências, interação entre o meio acadêmico e a comunidade e divulgação de técnicas para estabelecer uma convivência melhor com a escassez de água e recursos naturais. Esses são alguns dos objetivos do Fórum do Semiárido, evento que será realizado pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) entre os dias 18 e 21 de maio na cidade de Sobral, localizada no Meio Norte do Estado.

Com o tema “Educação contextualizada: natureza, técnicas, cidadania e diversidade cultural”, a terceira edição do fórum terá, pela primeira caráter nacional. Estão previstos 34 cursos, oferecidos por representantes do meio acadêmico para a comunidade, cujo objetivo principal é ensinar técnicas já consolidadas de uso otimizado dos recursos naturais para melhorar a convivência com a escassez do semiárido.

Um exemplo interessante dessas técnicas é a que o professor João Ambrósio de Araújo, do curso de Zootecnia da UVA, denomina de “bioágua”. Segundo ele, o método será apresentado no fórum e consiste em reaproveitar a água usada em banhos e lavagem de roupas. Chamada de água cinza, ela é contaminada por saponáceos (restos de sabonete e produtos de limpeza) e coliformes fecais e geralmente é lançada no solo pelos sertanejos.

Com a técnica da bioágua, o líquido passa por um filtro composto por materiais de baixo custo como brita, matéria orgânica, areia grossa e minhocas. Depois, vai para um tanque e fica exposto ao sol por 24 horas, tempo necessário para eliminar boa parte dos coliformes. Após esse tratamento, o resultado é uma água que não é potável mas pode ser usada, por exemplo, para a irrigação de fruteiras. Segundo o professor, essa é uma técnica antiga, mas ainda não é muito difundida entre a população do semiárido.

O professor José Falcão Sobrinho, pro-reitor de extensão da UVA, ressalta a importância dos cursos e cita outro exemplo de uso dos recursos naturais: a inclusão do solo como corante de tintas. “Alguns solos podem funcionar como corantes”, afirma ele. O curso em questão trata de aplicações do solo no contexto agrícola e artístico, um tema que o professor reconhece ser bastante inusitado, mas bastante ilustrativo das várias alternativas a serem exploradas no semiárido.

João Ambrósio lembra, ainda, que o caráter prático do fórum tem trazido outro benefício, que é atrair a comunidade para a UVA mesmo após o evento. Segundo ele, na semana seguinte à edição do ano passado ainda havia 900 pessoas circulando pelo campus. “Várias escolas pediram para receber depois do evento”, afirma.