Projeto ajuda trabalhadores rurais a valorizar seus produtos

7 de janeiro de 2011 - 17:57

Da Agência Funcap
Por Kellyanne Pinheiro

Professores da Universidade Federal do Ceará (UFC), de cursos diversos (Economia, do campus de Sobral, Economia Agrícola, do Campus do Pici e Comunicação Social, do campus do Cariri), em parceria com técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), iniciam, a partir deste mês, o projeto “Como fazer da agricultura familiar uma gestão sustentável de negócios: aspectos ambientais e gerenciais”.

De acordo com a coordenadora responsável pelo trabalho, Alesandra Benevides, o projeto pretende agregar valor (aumentar o preço de mercado) aos produtos da agricultura familiar, de forma que trabalhadores da cidade de Sobral possam ter mais poder de barganha. As ações previstas, segundo ela, são oficinas e palestras sobre educação ambiental e desenvolvimento sustentável e oficinas de gestão de negócios e valorização do produto.

Uma das primeiras medidas dos pesquisadores será a realização de diagnósticos sócioambientais, com 300 famílias que deverão ser atendidas pelo projeto, para nortear as etapas seguintes do trabalho. Após esse processo, ações de comunicação social divulgarão os produtos por meio de 60 programas de rádio com duração de três minutos e da elaboração de um cordel (livreto de poesia popular) pelos próprios agricultores.

A etapa de gestão de negócios só deverá ter início em 2012, uma vez que, conforme Alesandra, o primeiro conceito a ser trabalhado é o de desenvolvimento sustentável. “As oficinas serão participativas. Os agricultores, assim como os microempresários, necessitam de orientação sobre gerência financeira, mercado e cadeias produtivas. Pretendemos abrir perspectivas de negociação com consumidores que valorizem produtos ambientalmente sustentáveis”, afirma.

Segundo Alesandra, o projeto tem previsão de duração de 30 meses e está orçado em R$ 177 mil reais, dos quais R$ 120 mil reais são para bolsas de iniciação, desenvolvimento tecnológico e industrial e extensão. “Um dos pontos fortes do projeto é que ele é multidisciplinar e conta com o envolvimento de diversos profissionais de áreas distintas que irão fazer a ligação entre a academia e os agricultores”.

Um dos principais desafios do trabalho, ressalta Alesandra, é a questão cultural. “Desde seus antecessores, os trabalhadores atuais continuam realizando o plantio da mesma maneira sem muita noção de preservação do solo e seus nutrientes. A limpeza de terreno para plantio por meio de queimadas e o uso indiscriminado de agrotóxicos sem as devidas precauções estão entre os hábitos que precisamos modificar”.

O processo de desenvolvimento rural sustentável já está em andamento por meio da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – no Ceará, o trabalho está sendo feito pela Ematerce. Com o projeto, haverá um reforço no trabalho, junto aos agricultores, voltado para a construção de sistemas produtivos regionalmente adaptados e a diversificação de cultivos.

Os agricultores terão a oportunidade de aprender, durante as oficinas, que as queimadas empobrecem o solo e reduzem a quantidade produzida por hectare e que será mais produtivo se a plantação coexistir com outra vegetação. “Uma possível saída para evitar essa prática é o uso do plantio direto, um conjunto de técnicas cujo objetivo é melhorar as condições ambientais explorando o potencial genético da produção e realizando a rotação de culturas associada ao manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas”, informa Alesandra.