Pesquisa comprova eficácia biológica de substâncias extraídas de plantas medicinais

27 de agosto de 2009 - 18:34

28 de agosto de 2009

Do Portal Funcap Ciência
Por Alan Rodrigues

As plantas medicinais são utilizadas pelo saber popular de diversos povos há milhares de anos. Pensando nos relatos das propriedades medicinais de alguns vegetais, a pesquisadora Selene Maia Morais, do laboratório de Química de Produtos Naturais da Universidade Estadual do Ceará (Uece), motivou-se a avaliar a eficácia de substâncias extraídas dessas plantas contra vírus, bactérias, protozoários, fungos e vermes. A pesquisa se propôs a produzir biofármacos para o tratamento de micoses (em seres humanos e animais), dengue e leishmaniose. Todas as plantas estudadas se encontram em biomas do Ceará.

O estudo, que recebe o apoio e recursos da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), se propõe a comprovar a atividade biológica dessas plantas além de realizar a caracterização da ação dos princípios ativos para a produção de biofármacos. Para a pesquisadora, “as ações medicinais realizadas por grande parte dessas plantas ainda não têm um embasamento científico”.

Segundo Selene, cada biofármaco tem uma ação específica, funcionando em bactérias, vírus ou fungos. Da canela de cunhã foi identificado o eugenol. “Em laboratório associado de micologia, a nossa equipe comprovou a ação antifúngica do extrato desta planta sobre os fungos Microsporum canis e a Candida albicans”, diz a pesquisadora. A Candida albicans, ela complementa, é a responsável pelo “sapinho”, muito comum em crianças.

Dos cravos amarelos foram extraídos tiofenos, cujas propriedades antivirais contra o vírus do dengue foram comprovadas por meio de testes feitos no laboratório de Bioquímica Humana da Uece. Acetogeninas extraídas das folhas da graviola, ressalta a pesquisadora, possuem propriedades leishmanicidas.

No entanto, nem todos os biofármacos estudados na pesquisa agem somente sobre uma doença. “O timol, presente no alecrim pimenta, é uma droga de amplo espectro, pois consegue agir sobre diferentes organismos, sejam eles bactérias, fungos, protozoários ou vermes”, explica Selene.

Os estudos continuam sendo desenvolvidos. No momento, está sendo testada a eficácia dos tiofenos e acetogeninas em animais. Ela ressalta que os resultados da pesquisa serão de interesse de toda a população do Ceará. “Com essas informações em mãos, os próprios cearenses podem valer-se dessas plantas para fins comprovadamente medicinais”, conclui.