Caipora eletrônico monitora a natureza à distância

9 de julho de 2009 - 17:52

Do site Inovação Tecnológica

Uma criatura da mitologia tupi-guarani, responsável por cuidar do meio ambiente, o Caipora, está agora dando nome a um projeto capaz de proezas semelhantes e mais algumas aplicações. Baseado em um aparelho que pode se conectar a variados modelos de sensores, o Caipora eletrônico coleta informações sobre temperatura, acidez das águas, partículas de monóxido de carbono, dióxido de carbono e oxigênio no ar, dados sobre o solo, entre diversas outras possibilidades.

O equipamento registra tudo em um cartão de memória e ainda transmite os dados coletados, em tempo real, para uma central de monitoramento. Com baixo custo – cerca de 10% do valor de registradores de funções limitadas que existem no mercado – o Caipora poderá monitorar regiões inteiras, ampliando enormemente o campo de pesquisa para os cientistas.

Ainda mais significativo é o fato de que o Caipora pode ser configurado para funcionar não apenas como sensor, mas também como atuador, executando tarefas no local onde está instalado, por acionamento remoto.

O princípio do Caipora, explica o engenheiro eletrônico Alexandre Benevento, é transformar as informações físicoquímicas coletadas pelos transdutores (nome técnico dos sensores que coletam informações do ambiente para o registrador) em sinais elétricos, que são digitalizados, armazenados e transmitidos. O invento utiliza hoje a transmissão via telefonia celular, mas poderá também utilizar rede sem fio (Rede IP).

Outra vantagem do sistema é a segurança. Os dados podem ser transmitidos de forma criptografada e o cartão de memória não é acessível remotamente, pois funciona em um módulo próprio, sem conexão física com a eletrônica de transmissão e recepção de dados. A mesma telemetria que leva os dados pode trazer alguma forma de acionamento, como por exemplo para bombear ar em um tanque com baixo nível de oxigenação.

Sendo um equipamento multipropósito, além de fiscalizar a poluição ambiental o Caipora também se presta a qualquer modalidade de monitoramento, incluindo aplicações industriais e de fiscalização eletrônica. Os transdutores acoplados ao aparelho registrador podem ter naturezas diversas, servindo a conexões com GPS e quaisquer outros medidores de impulsos físicos e químicos.

O projeto foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), ambos no Rio de Janeiro. O aparelho resultou em uma patente, em nome dos pesquisadores Alexandre Benevento (INT) e Geraldo Cernicchiaro (CBPF), e do ex-bolsista do INT Ricardo Herbert.

O Caipora será mostrado no estande do INT na 16ª ExpoT&C, na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso (SBPC), de 12 a 17 de julho próximo, em Manaus (AM).