UFC inaugura unidade da Farmácia Viva no Jangurussu

14 de maio de 2009 - 17:41

Da Agência Funcap
Por Sílvio Mauro

O Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará (UFC), inaugurou, no último dia 13, mais uma unidade do projeto Farmácia Viva, iniciativa que estimula a pesquisa e o uso medicinal de plantas populares. Através de uma parceria com a ONG Fundo de Apoio Comunitário (FAC), que vai coordenar a farmácia, a nova horta irá beneficiar a comunidade do bairro Jangurussu, uma das áreas mais carentes da periferia de Fortaleza.

Técnicos do Farmácia Viva e pessoas do próprio bairro treinadas pelo projeto irão repassar cerca de 25 tipos de plantas à população e orientar os usuários sobre formas de preparo de chás, xaropes e pomadas caseiras que previnem e combatem problemas bastante comuns como gripe, febre, dores estomacais e inflamações de pele. De acordo com a coordenadora do Projeto Farmácia Viva, Mary Anne Bandeira, a expectativa é que aproximadamente 20 mil pessoas do entorno do bairro sejam beneficiadas com o horto.

A inauguração era uma demanda antiga da comunidade e tem especial importância para o Jangurussu. Durante cerca de 20 anos, o bairro foi a sede do aterro sanitário de Fortaleza e teve sua imagem associada ao lixo e à poluição ambiental. Hoje desativado, o aterro resultou em um morro que se destaca na paisagem plana da região e de onde ainda é expelido o chorume, líquido poluente originado da decomposição dos resíduos que, principalmente nas chuvas, se espalha pelo solo.

Além disso, como lembra a coordenadora da Farmácia Viva do Jangurussu, Célia Almeida, o bairro é muito carente e não tem sequer um posto de saúde. Da unidade que operava na região, ela afirma que só restou um prédio abandonado. “Nós vamos resgatar o uso dos medicamentos caseiros e estamos criando uma biblioteca de plantas medicinais”, comemora.

O projeto Farmácias Vivas foi criado pelo professor da UFC Francisco de Abreu Matos, falecido no fim do ano passado. Um dos seus principais objetivos era estudar cientificamente as ervas medicinais usadas pela população, e, dessa forma, baratear o custo dos tratamentos para a população carente do estado. Até hoje, 55 unidades do projeto foram instaladas no Ceará, Piauí e Maranhão, Rio Grande do Norte e em Brasília. Pesquisadores de Belém do Pará e da região Sul também mostraram interesse pela iniciativa.

Além da distribuição de plantas e orientações sobre preparo, algumas farmácias vivas possuem laboratório de manipulação e repassam medicamentos a postos de saúde, em parceria com prefeituras e governos estaduais. Segundo Francisca Cavalcante, engenheira agrônoma do Horto de Plantas Medicinais da UFC uma das vantagens dos medicamentos naturais é o baixo custo dos chás e xaropes à base de plantas, o que os torna mais acessíveis para a população de baixa renda que os remédios produzidos em grandes laboratórios.