Projeto Farmácias Vivas: boas expectativas para o futuro

19 de fevereiro de 2009 - 16:47

Da Agência Funcap
Por Sílvio Mauro

O Horto de Plantas Medicinais, base do projeto Farmácias Vivas criado pelo farmacêutico e professor da UFC Francisco de Abreu Matos e que hoje leva o seu nome, deverá ser reconhecido como Horto Matriz do Estado do Ceará ainda esse ano. Essa é a expectativa da professora Mary Anne Medeiros, que assumiu a coordenação do programa com o falecimento do professor, no fim do ano passado. Ela garante que a iniciativa de estudar cientificamente ervas medicinais usadas pela população, criada pelo professor, terá continuidade.

“A Farmácia Viva é uma grande escola. A gente não pode deixar morrer”, afirma Mary Anne. Ela acrescenta que uma das principais fontes de recursos do projeto, a verba fornecida pela Veda (uma instituição internacional que financia empreendimentos agrícolas em todo o mundo), já foi garantida para esse ano com a renovação do contrato, ocorrida recentemente.

Segundo a professora Maria Goretti Vasconcelos, do Laboratório de Produtos Naturais, que fica anexo ao Horto de Plantas Medicinais Francisco José de Abreu Matos, ainda há muito a fazer no processo de continuidade do projeto. Existem cerca de cem espécies catalogadas, mas apenas um quarto delas já teve os efeitos comprovados cientificamente.

Além do trabalho de estudo das plantas, também há planos de expansão do Farmácias Vivas. Um dos mais importantes, para esse ano, de acordo com Goretti, é a criação de uma farmácia no Jangurussu, uma das áreas mais pobres de Fortaleza e onde ficava localizado o antigo aterro de lixo da cidade. Ele já foi desativado, mas os efeitos da poluição do solo ainda são sentidos pela população. “Um problema muito freqüente por lá é a diarréia. Também pretendemos fazer com que eles tenham acesso à acerola, que é uma fonte de vitamina C”, explica.

A partir da oficialização do Horto Matriz do Ceará, Mary Anne espera que o local se torne referência, no Nordeste, e leve a filosofia do projeto Farmácias Vivas para toda a região. Outro benefício, com a medida, é o possível estabelecimento de convênio com a Secretaria de Saúde, o que poderá expandir a atuação dos tratamentos feitos a partir das plantas regionais.

Atualmente, mesmo com limitações financeiras, o projeto Farmácias Vivas já foi implantado em cidades do Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e em Brasília. Além disso, o professor Abreu Matos mostrou o projeto para pesquisadores de Belém do Pará e da região Sul. Mary Anne acrescenta que outra meta para popularizar a iniciativa é a criação de um curso de fitoterapia caseira para pessoas da comunidade. Nele, os interessados poderão passear pelo horto, fazer o reconhecimento de plantas (diferenciando espécies parecidas) e aprender a preparação de chás e lambedores.

Sem esconder o entusiasmo pelo projeto, a professora assegura que a filosofia do Farmácias Vivas, de possibilitar à população o uso de remédios extraídos de plantas populares – e, dessa forma, baratear os tratamentos – será mantida. “O professor Matos foi um grande cientista. Mas o grande legado dele foi ensinar o homem a fazer uso das plantas da sua terra”, finaliza.