2009, o ano de Darwin

13 de fevereiro de 2009 - 16:44

Comunidades científicas de todo o mundo celebraram, no dia 12 de fevereiro, o bicentenário de Charles Darwin.

Também em 2009, são comemorados os 150 anos de publicação da teoria da evolução das espécies, que revolucionou o estudo da vida na terra. Para registrar a importância desses dois fatos, foi instituído, durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que 2009 será o “Ano de Darwin”.

Segundo o grupo de trabalho criado para divulgar as datas no Brasil, formado por seis entidades ligadas à ciência, a Teoria da Evolução desenvolvida por Darwin consolidou a Biologia como uma ciência autônoma e que pôde servir como base do trabalho dos pesquisadores da área por todo o século XX e até os dias de hoje. “A teoria não somente mudou completamente a tradição dos estudos sobre os seres vivos, como teve um impacto que ultrapassa em muito os domínios da biologia, tendo repercussões na nossa compreensão do ser humano e do universo”, afirmam os organizadores do site www.ano-darwin-2009.org, criado para divulgar os eventos programados até o fim do ano.

O livro “A origem das espécies”, usado como base da Teoria da Evolução, foi escrito a partir de observações feitas por Charles Darwin em uma expedição realizada pela América do Sul – em particular o arquipélago de Galápagos, localizado próximo à costa do Equador, que foi sua mais importante fonte de dados – no início da década de 1830.

A bordo do navio Beagle, o pesquisador coletou material em vários países, entre eles o Brasil. Em 1832, ele aportou em Fernando de Noronha e em Salvador. Foi nas cercanias da capital baiana que o naturalista vivenciou pela primeira vez a experiência de caminhar pelo interior de uma floresta tropical. A expedição também passou, no mesmo ano, pelo arquipélago de Abrolhos e pela cidade do Rio de Janeiro. Já em 1836, de volta à Inglaterra, ele passou novamente por Salvador e seguiu para Recife, onde ficou por cinco dias.

Foi em Galápagos, no entanto, que ele fez observações fundamentais para sua teoria. A partir de diferenças observadas em espécies de tartarugas das ilhas, o pesquisador pôde constatar que elas foram determinadas pela seleção natural. Além disso, segundo a teoria formulada por Darwin a partir da observação dos animais, não são os seres vivos mais fortes, necessariamente, que sobrevivem, mas aqueles que têm maior capacidade de adaptação às condições do seu habitat.
Para o professor Thales Barbosa, do Laboratório de Genética do Departamento de Biologia da UFC, a relevância do trabalho de Darwin se dá principalmente porque, pela primeira vez, um pesquisador formulava uma teoria para a evolução das espécies sem recorrer a explicações relacionadas com a religião. Além disso, apesar dos poucos recursos tecnológicos da época, o cientista conseguiu formular um estudo que não foi contestado até hoje. “Ao longo do século XX, com o nascimento da genética como disciplina e o advento da biologia molecular, esse mecanismo só se confirma cada vez mais”, afirma.