Ceará é referência em testes com coração artificial

5 de fevereiro de 2009 - 19:15

Qui, 05 de Fevereiro de 2009 10:11

Por Sílvio Mauro

Da Agência Funcap

No início de 2010, o Ceará deve ser palco de testes feitos em seres humanos com o primeiro coração artificial com possibilidade de fabricação na América Latina. Produzido atualmente na Itália, o protótipo X-TIDE do Suporte Circulatório Mecânico Totalmente Implantável pode ser o ponto de partida para um modelo montado em uma indústria brasileira (ou até cearense), graças ao esforço de profissionais do Hospital de Messejana (HM).

Essa é a expectativa do coordenador do projeto, Juan Mejia. Segundo ele, a meta é fazer com que os testes realizados hoje, em um animal, sirvam para conseguir autorização para uso dos modelos em seres humanos, tendo o Hospital de Messejana como centro de referência. E, no futuro, viabilizar a produção no Brasil, o que seria um feito pioneiro em toda a América Latina.
“Estamos à procura de empresários e pessoas da indústria da saúde para enfrentar esse desafio”, diz. Os únicos modelos existentes no mercado, de acordo com ele, vêm dos Estados Unidos e da Europa, e a um custo muito alto. “Um AB5000, por exemplo, custa 140 mil reais por ventrículo”, explica. A produção de um coração artificial no Brasil, mesmo vindo apenas da montagem de componentes importados, reduziria o gasto para 1/3 desse valor, acredita Juan.

De acordo com Ítalo Martins, coordenador do Centro de Pesquisa Experimental (Cenpex) do HM, a unidade começou a operar em 1997 e hoje, ao lado do Instituto do Coração (Incor), é uma das principais referências da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em experimentos desse tipo. Graças, na sua avaliação, ao esforço da própria equipe e ao apoio do hospital e do Governo do Estado.
Procurado por Alessandro Verona, o inventor do equipamento, o Hospital de Messejana, através do seu trabalho, pode representar uma significativa redução de custos no processo de homologação do coração artificial. Juan estima que, na Europa, ela custaria algo em torno de 40 milhões de euros. Para o Brasil, ele lembra que um modelo fabricado aqui representaria o salvamento de mais vidas. “Cerca de 30% dos pacientes na lista de espera por um transplante, segundo o médico, falecem antes de conseguir um órgão compatível. O coração artificial poderia aumentar o tempo de permanência deles na fila.