Funcap apoia desenvolvimento da piscicultura marinha cearense

9 de maio de 2013 - 19:09

Foi fundamental a participação da Funcap para o desenvolvimento do projeto de piscicultura marinha com lutjanídeos no Ceará por meio do Pappe Subvenção e do FIT”, a declaração é do sócio-diretor da empresa Technoacqua Serviços de Consultoria, Dr. Rossi Lelis Muniz Souza. E a explicação é simples: dois projetos de sua empresa contaram com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

O projeto “Desenvolvimento de processos tecnológicos aplicados à reprodução de peixes marinhos (Lutjanídeos)” foi contemplado no Edital n° 03/2008 do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe Subvenção). Os recursos destinados ao projeto somam R$ 181,3 mil, sendo R$ 128,5 mil provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), cerca de R$ 25 mil provenientes da Funcap e aproximadamente R$ 27 mil a contrapartida da empresa. “Com os recursos deste programa, conseguimos fechar, pela primeira vez no Brasil, o ciclo reprodutivo do ariacó (Lutjanus synagris) em cativeiro”, comemora Rossi.

O projeto teve como objetivo principal iniciar o desenvolvimento de processos e tecnologias que possibilitassem a produção de alevinos e juvenis de lutjanídeos em cativeiro. “E podemos dizer que esse objetivo foi alcançado, o que nos falta agora é aprimorar esses processos para começar a produção a nível comercial”.

A escolha da espécie a ser trabalhada se deu por meio de um estudo de mercado, onde a empresa procurou saber quais os peixes marinhos mais consumidos no Ceará e que também apresentassem um bom preço de mercado. Os pargos (Lutjanideos) obtiveram os melhores índices.

Com isso, foram realizadas campanhas para a captura de exemplares selvagens maduros, com o objetivo de formar os primeiros plantéis de reprodutores. Dos capturados, o que apresentou melhor adaptabilidade inicial ao cativeiro foi o ariacó. Assim, começaram os primeiros estudos com este espécime, ainda não trabalhado no país na época. “Vale salientar que outras espécies de lutjanídeos estão sendo estudadas atualmente e os resultados serão apresentados em um futuro próximo”, destaca o empresário.

De acordo com o pesquisador, hoje é possível realizar a reprodução do ariacó em qualquer época do ano, mas ainda é preciso alguns ajustes na parte da larvicultura. “Estamos na fase de controlar a produção, reduzir a taxa de mortalidade e cortar as últimas arestas para podermos levar o projeto ao nível comercial, a fase mais complicada”, afirmou.

E esse é o objetivo do “Projeto Pargo: uma inovação na maricultura cearense”, aprovado no Edital n° 13/2010 do Fundo de Inovação Tecnológica (FIT) do Ceará e que recebeu investimentos na ordem R$ 209,7 mil, sendo R$ 163,3 mil oriundos do FIT e R$ 46,4 mil a contrapartida.

O projeto tem como objetivo principal aprimorar os processos e tecnologias que possibilitem o aumento na produção de alevinos e juvenis de lutjanídeos em cativeiro, além de dar continuidade à pesquisa e ajudar a encorpar ainda mais o projeto. “Ele está hoje com 70% das atividades realizadas e pretendemos finalizá-lo até o final de maio de 2013. Os resultados, posso adiantar, são bastante animadores”, destaca.

O sócio-diretor da Technoacqua ressalta a participação do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e de seu diretor, Prof. Dr. Luis Parente Maia. “Ambos foram de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades realizadas neste projeto. Sem as instalações oferecidas pelo Labomar, no caso o Centro de Estudos Ambientais e Costeiros (CEAC), seria muito difícil a realização das atividades”.

Outro parceiro importante no desenvolvimento das atividades de pesquisa foi o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), que acreditou na ideia e concedeu 10 bolsas ao projeto ao longo de quatro anos de pesquisa. “Sem essas bolsas as atividades não teriam avançado tanto. Graças ao CNPq nossa equipe conta com um doutor, três mestres, um graduado e cinco graduandos. Todos com bolsa”, comemora.

De acordo com Rossi Souza, embora no Brasil existam condições edafoclimáticas (que recebe influência de diversos fatores) e uma grande diversidade de espécies nativas, fatores altamente favoráveis para o desenvolvimento da piscicultura marinha, esse enorme potencial vem sendo infimamente aproveitado até o momento.

Ainda segundo o pesquisador, na região Nordeste os cultivos de peixes marinhos existentes são praticados de forma extensiva, sendo sua produção incipiente se comparadas com o ritmo registrado em outras partes do mundo. Ainda de acordo com o pesquisador, existem iniciativas de empresas particulares que já começaram a produção de alevinos de peixes marinhos, mas estão apenas em fase de pesquisa e/ou para suprir demandas próprias.

Ou então, quando da venda dos alevinos, cobram preços muito acima do convencional, já que não existem ofertas deste tipo de produto no mercado e o custo de produção ainda é muito alto, o que desfavorece a iniciativa de novos empreendedores que queiram adentrar a atividade”, explica.

Finalizando, o pesquisador afirma: “Sem a ajuda da Funcap não teríamos evoluído nada. Estamos torcendo para sermos contemplados mais uma vez porque a Fundação é a única fornecedora de recursos aqui no Ceará”.

Sobre a Technoacqua

Fundada em 2003, a empresa tem como objetivo oferecer ao mercado soluções nas áreas de Aqüicultura, Pesca e Meio Ambiente, bem como desenvolver tecnologias nos processos de produção que contribuam na sustentabilidade dos recursos naturais e no desenvolvimento econômico e social.

Sócio-diretor da empresa, Rossi é graduado em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (1999), com mestrado em Engenharia de Pesca também pela UFC e doutorado em Ciências Marinhas Tropicais pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar). Ele possui experiência na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em piscicultura marinha e continental, atuando principalmente nos seguintes temas: reprodução, larvicultura e engorda.