Tecnologia brasileira para uso de hidrogênio em veículos já está disponível

28 de março de 2011 - 18:38

Da Agência Funcap
Por Sílvio Mauro

A partir da próxima década, o percentual de veículos tendo como fonte de energia o hidrogênio, que hoje é insignificante, deve chegar a níveis próximos de 20%. É o que acredita o professor Paulo Emílio de Miranda, do Laboratório de Hidrogênio do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), instituição vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Integrante da equipe que desenvolveu um sistema de tração híbrido (alimentado de três formas diferentes) para ônibus, ele afirma que a tecnologia, além de poluir menos, representa um significativo ganho de eficiência no aproveitamento de energia. Por isso, tem tudo para, no futuro, ser uma alternativa considerada economicamente viável.

No lugar da combustão, a tecnologia obtém a energia através de uma reação eletroquímica, onde moléculas de hidrogênio reagem com o oxigênio. O resultado do processo é eletricidade, que vai para uma pilha destinada a fazer o motor do ônibus funcionar, e água, que não causa prejuízo ao meio ambiente.

Para se ter ideia do nível de eficiência do processo, o percentual de aproveitamento do motor elétrico a hidrogênio é de 40%, Segundo o professor, um veículo automotor a combustão convencional não chega a usar 20% da energia gerada. E esse nível pode chegar a apenas 8%, em situações extremas como no tráfego congestionado. “Nesse caso, descartam-se 92% do conteúdo energético de um combustível derivado do precioso petróleo”, afirma ele.

Além da reação eletroquímica, o ônibus projetado pela equipa da Coppe também pode ser ligado a uma tomada comum ou aproveitar a energia gerada nas frenagens (um processo chamado de frenagem regenerativa). Um dos empecilhos para seu uso, no entanto, é que o hidrogênio ainda não é considerado uma fonte economicamente viável para a indústria automotiva. Enquanto um litro de gasolina custa cerca de R$ 2,80, hoje, Paulo Emílio afirma que só no fim da década o preço do kg de hidrogênio vá chegar a aproximadamente 5 reais. Ele ressalta, no entanto, que isso acontece porque não são computados os custos ambientais inerentes ao uso dos combustíveis fósseis, como a poluição do ar e aquecimento global, entre outros.

Paulo Emílio foi um dos conferencistas do I Ciclo de Conferências Hidrogênio e o Futuro Energético Sustentável do Ceará, encontro promovido pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), com apoio da Funcap, nos dias 15 e 16 de março.

Hidrogênio já é usado em outras aplicações

Um detalhe interessante sobre o uso do hidrogênio é que o processo de obtenção do gás não é novo nem exige muito investimento. A indústria já o usa para várias aplicações (algumas bem próximas das pessoas, como a margarina hidrogenada, por exemplo). Paulo explica que um dos processos mais usados é a reforma a vapor do gás natural, reação química que gera moléculas de hidrogênio e de gás carbônico. Outra opção é a eletrólise da água, na qual a molécula H2O gera H2 e oxigênio.

É por atributos como esses que a substituição de motores movidos a combustíveis fósseis por máquinas funcionando com hidrogênio, na avaliação do professor, parece ser apenas uma questão de tempo. Ele lembra que o ônibus desenvolvido na Coppe já passou por vários testes e seria possível, com a construção de mais protótipos, testar o seu desempenho em centros urbanos do país. Para quem se interessar, mais informações podem ser obtidas no endereço \n // –>pmiranda@labh2.coppe.ufrj.brEste endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. .